Atraindo os impulsos que não sou capaz de controlar. Como o mar.
Que ora repousa calmo e convicto de sua brisa quente. Como a gente.
Ora cria ondas capazes de invadir a cobertura de um apartamento no deserto do Qatar.
Ainda tenho a marca de suas unhas no meu peito. Como um leito.
Que tem seus lençóis revirados e travesseiros arremessados na parede. Como a sede.
Que esfola o tecido frágil vindo do ventre do estômago e nunca some. Como a fome.
Sinto o cheiro das suas entranhas na palma das minhas mãos.
Ainda tenho a beira dos meus ouvidos seu sussurro. Como um murro.
Que atinge o crânio na velocidade de um expresso com a pressa da salvação. Como um cão.
Que vaga em sua matilha feroz e sedento por carne crua. Como a sua...
Que devorei como se fosse um canibal.
Como, como se fosse um Canibal.
Tico Santa Cruz
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