18 de outubro de 2013


Confesso que ando muito cansado, sabe? Mas um cansaço diferente… um cansaço de não querer mais reclamar, de não querer pedir, de não fazer nada, de deixar as coisas acontecerem. Confesso que às vezes me dão umas crises de choro que parecem não parar, um medo e ao mesmo tempo uma certeza de tudo que quero ser, que quero fazer. Confesso que você estava em todos esses meus planos, mas eu sinto que as coisas vão escorrendo entre meus dedos, se derramando, não me pertencendo. Estou realmente cansado. Cansado e cansado de ser mar agitado, de ser tempestade… quero ser mar calmo. Preciso de segurança, de amor, de compreensão, de atenção, de alguém que sente comigo e fale: “Calma, eu estou com você e vou te proteger! Nós vamos ser fortes juntos, juntos, juntos.” Confesso que preciso de sorrisos, abraços, chocolates, bons filmes, paciência e coisas desse tipo. Confesso, confesso, confesso. Confesso que agora só espero você.
Caio F. Abreu
Ainda tenho a imagem dos seus olhos me mirando de baixo para cima. Como um Imã. 
Atraindo os impulsos que não sou capaz de controlar. Como o mar. 
Que ora repousa calmo e convicto de sua brisa quente. Como a gente. 
Ora cria ondas capazes de invadir a cobertura de um apartamento no deserto do Qatar. 

Ainda tenho a marca de suas unhas no meu peito. Como um leito. 
Que tem seus lençóis revirados e travesseiros arremessados na parede. Como a sede.
Que esfola o tecido frágil vindo do ventre do estômago e nunca some. Como a fome.
Sinto o cheiro das suas entranhas na palma das minhas mãos.

Ainda tenho a beira dos meus ouvidos seu sussurro. Como um murro.
Que atinge o crânio na velocidade de um expresso com a pressa da salvação. Como um cão.
Que vaga em sua matilha feroz e sedento por carne crua. Como a sua...
Que devorei como se fosse um canibal.

Como, como se fosse um Canibal.

Tico Santa Cruz